domingo, 6 de dezembro de 2009

ÚLTIMO


Preferia mesmo nunca ter visto a poeta
Preferia estar só
Abraçar os lençóis pensando numa trepada

Ontem
Mandei a poeta embora
Ela saiu como mulher
Carregando seu bloco de notas em branco

Ela não ameaçou se matar
Ela não disse que era louca por mim
Ela calou um poema inteiro

Depois de duas horas ela chegou meio bêbada

Jogou o caderno de notas sobre a cama
E disse que só voaria amanhã

Já é meio dia e não fui trabalhar
A poeta não acorda
Dormiu coberta esta noite
Não está mais nua

2 comentários:

  1. É o dilema eterno dos mortais, entender que o corpo é humano mas a alma não, que o corpo tem compromissos mas a alma é livre e voa ...

    A poeta sempre estará nua, coberto, somente o corpo que ela veste vez ou outra.

    Quem já voou uma vez nunca mais ficará em solo, mesmo que lhe cortem as asas. Ficará o corpo, mas o cerne voará ...

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  2. "Calou um poema inteiro". Esse verso me tocou profundamente.

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