sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SEGUNDO

No dia seguinte ao vôo da poeta nua
Procurei na imprensa uma noticia

Não havia nada além de assassinatos, assaltos, corrupção e notícias políticas

A poeta nua não saiu no jornal
Seu vôo inesperado
A chuva psicodélica
As entranhas que não existiam
Não foram notícia

Pensei que enlouquecia
Marquei consulta urgente

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

PRIMEIRO

Eu vi uma poeta nua
Numa nudez de palavras
Atravessando a cidade como um rato
Procurando esconderijos

Eu a vi nua e fresca num entardecer sem nuvens

Eu a vi desesperadamente solitária

A poeta nua despencou do vigésimo andar de um condomínio
Criando asas num instante

A poeta atravessou o céu entrecortando helicópteros de metal fosco

A poeta brilhava magnífica e abria as pernas
Para que todos pudessem admirar suas entranhas

A poeta não tinha entranhas
Mas os seios da poeta eram fartos
Os seios da poeta eram de matriz
E deles chovia um liquido impressionantemente mágico

De repente o transito parou para deixar as sirenes passarem

Mas a poeta nua
A poeta
Nua
Pousou sobre o mais alto edifício
E riu de achar graça!