quinta-feira, 19 de novembro de 2009

PRIMEIRO

Eu vi uma poeta nua
Numa nudez de palavras
Atravessando a cidade como um rato
Procurando esconderijos

Eu a vi nua e fresca num entardecer sem nuvens

Eu a vi desesperadamente solitária

A poeta nua despencou do vigésimo andar de um condomínio
Criando asas num instante

A poeta atravessou o céu entrecortando helicópteros de metal fosco

A poeta brilhava magnífica e abria as pernas
Para que todos pudessem admirar suas entranhas

A poeta não tinha entranhas
Mas os seios da poeta eram fartos
Os seios da poeta eram de matriz
E deles chovia um liquido impressionantemente mágico

De repente o transito parou para deixar as sirenes passarem

Mas a poeta nua
A poeta
Nua
Pousou sobre o mais alto edifício
E riu de achar graça!

Um comentário:

  1. Nua ou não, é sempre bom rever sua poesia novamente, seja no vôo ou no pouso, mas sua. Assim, nua.

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